quarta-feira, 13 de julho de 2016

Carta ao Século

Procurei mil formas de começar, o exagero é um mal do século, enfim decidi por iniciar expondo minha dúvida do não saber.

Sabe, a questão não é saber por onde começar e sim como prosseguir. Especialmente quando me dirijo a você.

Famoso por suas transformações no tempo, espaço e pessoas. Encaro-o face a face com minha peculiar e estranha falta de inspiração, receio que seja por exposição mútua e julgada este medo de falar a você. Mas quer saber? Todos os poetas e filósofos ocupam, numa colocação menos poética, a profissão de "retiradores de cortinas". Vamos abrir as nossas! E a palavra de ordem é: expor.

Tenho medo das palavras porque são carregadas de significados, uma só palavrinha pode ocasionar inúmeras desgraças ou graças com todas as conotações que ambas possuem. 

Enfim, século, acho que você já sabe disso, moro mais em você que em minha própria casa, posso dizer que presenciei seu nascimento assim como muitos aqui, mas quem é que pode te entender? Com apenas 16 anos se faz tão rebelde: tudo é corrido porque a vida exige pressa, tudo é exagero e vazio porque não se tem tempo pra muitos lamentos, tudo é grandioso para tornar-se notável. Do contrário, tudo é inconstante porque o constante é clichê. Esquecem-se os habitantes que habitam você que quando seu sucessor chegar você entrará para livros como um número romano, e eles? Serão nomes decorando lápides. Espero que tenham realmente vivido. Porque os que vivem agora não tem tempo para lembrar deles.